quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fragmentos

O problema desse tempo é a passagem. Esse tempo entre a compra, a espera e a viagem. Muitas noites em espeluncas baratas e moderadamente limpas me deixam bolado com toda essa tal realidade. Quem já dormiu num lugar desses sabe do que estou falando: mascates, liberais de toda espécie, subversivos, caminhoneiros e prostitutas; um viajante como eu aqui, outro ali... a equipe é basicamente composta por uma velha senhora pigarenta, a cozinheira negra e o carinha que faz todo o resto. Num lugar desses, uma TV que transmita quatro ou cinco canais abertos é a dádiva para alguns. Comigo, talvez, seja diferente.
Em tempos de redes sociais e revolução digital, a tv ainda representa o pathos capitalista. É aí que um chorão como eu se perde em delírios anarco-filosóficos... e etílicos.
Não dá pra medir a passagem das horas nessa situação; alguns diriam que é excesso de choque nervoso e falta de trauma neurótico. Eu penso mesmo que é esse medo crescente da morte. Não daquela que chega todo dia, mas da outra que nos apaga dessa existência sem ao menos nos proporcionar um epitáfio que o valha. Na rua essa gente grita, promoções de cristo, lenços abençoados - um exu particular. Eu aqui nesse mofo, resultado de comida industrializada, química barata e destilados de má fama. Três mil seiscentas e sessenta vezes vinte quatro são os dias contados no segundo do relógio que me afronta. E essas pessoas lá fora... e todo esse universo vazio dentro de mim mesmo.

sábado, 5 de novembro de 2011

O Outro é Falso

Filho da sombra!
Resto do mundo!
Escuridão que espanta;
solidão de fundo

Sem querer, saí!
por instinto, fugi!
Maldição caí
Perdição, senti

Nunca foi tao fácil
De tanto prazer, conheci!
De você lembrei
Um passo a mais, sorri.

Nem todo desespero
Muito menos, ilusão
Pelo amor, lutarei
Quero você!

Solidão!

Solidão!

É Mentira!

Lutar contra a vontade de escrever
Imposivel refletir
Viver sentir
Um pouco mais sem
Mentir

Começar nunca foi tão fácil
Dominar nunca foi tão porco
Vomitar nunca foi esterco

Rastejar sempre foi incômodo
Respirar sempre foi incerto
planejar nunca foi esforço

Um momento pra pensar
Uma chance pra fugir
Um segundo para respirar
Ultima chance para mentir

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sobre todas as coisas


Sempre soubemos que tem algo de errado. Você sai de casa como se sentisse que pode dominar o mundo, mas o que encontra é, no mínimo, decepção. Não que isso seja errado. É só mais uma prova de que você foi preparado para um ambiente que não existe. Lá fora não existe amor. Só pra começar a indagar sobre o futuro. Que futuro? Temos um futuro?
Todas essas armadilhas inteligentemente construidas para nos jogar pra baixo. Muito baixo! Claro está que desejamos um mergulho eterno, uma queda que valha a pena. Um amor perdido. Aquele mesmo que te fez sonhar e acreditar que valeria a pena, que a luta era séria, que no fim venceríamos. Mas, ganhar de quem? Vencer uma batalha a cada dia. Um leão morto. Uma vitória com sentido?
Há! Perdeu. Chega uma hora que descobrimos, fantasticamente, que a felicidade ficou no passado. Justo naquele momento que desprezou, a pessoa que dispensou... ah! e ainda sente que amou. Amou o quê? Como podemos ter amado justamente aquilo? E não dá pra ficar nessa nostalgia do que não viveu. Sabemos disso.
O mais difícil é perceber que o que nos impulsiona é essa busca infinita de uma existência plena, que mesmo que tenha existido, nunca foi entendida.
Disfarces, mentiras, fantasias.
Seres humanos!
Isso que somos, uma viagem sem fim para dentro desse universo limitado pelo egoismo. Infinito para cima... muito além de infinito para o interior de nossos fantasmas.
Se o passado te persegue é porque você errou.
Se o futuro te assusta é porquê você errou.
Somos o erro. Somos o presente.
Essa falta momentânea que se prolonga.. e persegue... e machuca.
A felicidade nunca bate a nossa porta.
O amor nunca existiu.
E a gente se conforma, e se desespera, e chora, e reza, e implora... sobre todas as coisas.
Sobre tudo que não entendemos; e sofremos.
As vezes calados, as vezes gritando.
Sempre se lamentando.
Sobre todas as coisas que não conhecemos.

domingo, 31 de julho de 2011

Dessa vez não vai rolar imagem. Nem viagem... muito menos vertigem;

Só vou falar de amo... ops Sexo

De quato!

Só existe um sexo. Mesmo que os padres prefiram o outro.

Posição de padre é só uma criação medieval.

Sexo é quando voce sente o cheiro
Sexo é quando voce sente prazer

Não a obrigação
Não o casamento

Só sexo, só cheiro,
Sem sentido
Sem dinheiro

Sexo por sexo
Entra, geme, sai, geme

Semente, crescente
Gente, serpente

Isso que nos faz
Isso que amamos

Gente


Muito
Sempre

Com, tente!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lá, outra vez, de volta.

Quando encostei o carro na garagem, o sol já caminhava a passos largos no leste. Nunca consigo me lembrar que tipo de truque utilizo para conseguir entrar, se mesmo quando estou sóbrio tenho dificuldades com as chaves. Confesso que deitei com a intenção de apagar. Não consegui.

Nessas horas costumo apelar para o telefone. Já vi alguém dizer que os aparelhos deveriam ter um sistema anti-bebuns. De cara, pensei em ligar para o Nietzsche. Queria dizer para aquele maldito que eu também não agüento mais essa estética da pobreza, essa ética da plebe... todas essas merdas que temos que engolir. Então lembrei que ele deveria estar em sua caminhada matutina. Pobre doente. Foi até bom evitar aquelas conversas infinitas sobre o quanto Socrátes e seu lacaios da igreja católica foram idiotas. Que se foda!
Então não teve outro jeito, liguei para aquele velho safado do Freud. Sempre com o charuto na boca e o nariz entupido. Sujeitinho metido a besta. Atendeu dizendo que não tinha tempo para falar comigo. Como assim? Só porque conseguiu algum reconhecimento de um monte de fanáticos tarados, não pode me atender? Um grande filho da mãe. Disse-me para tentar ficar calmo e que era apenas um surto. Surto? É claro que é um surto. Naquele estado, se meu pai não estivesse morto e viesse me dar algum tipo de sermão, eu juro que enterraria um punhal em sua garganta. Quer saber, seu velho judeu de merda... vai atender suas socialytes carentes de pica e me deixa aqui sozinho. Estou terminando minha carta de suicídio e vou dizer que a culpa foi sua... que você abusou de mim... Tá fudido velho!!! Desliguei.
Um pouco mais aliviado, até pensei em sair novamente; mas, me lembrei que naquela hora só encontraria o pessoal indo para a feira. Diversão mesmo, só se topasse um daqueles travestis fedorentos. Que porra! Não temos nem putas decentes nesses dias. Tempo de lobos dos infernos.
Caminhei até a cozinha (se é que podemos chamar aquele chiqueiro de cozinha). Há! Encontrei uma boa quantidade de wisky numa garrafa que ganhei no meu aniversário (40 anos, como pude ter chegado tão longe?) No congelador, uma vodka de baixíssima qualidade que tinha perdido apenas o cabaço. Háháháhá. Acho que nunca ri tanto. Até doeu a barriga... pobre fígado.
Peguei um maço de cigarros, abracei minhas duas novas namoradas e fui para o fundo do quintal. Quando é que todo aquele mato cresceu? Sentei embaixo do velho limoeiro, acendi um cigarro e uma lágrima escorreu no rosto. Existe felicidade maior?



HdM

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Kali




Ah! Como viver assim?
Sem você
Não que fosse muita coisa
Só você

E se você pode fazer isso comigo
O que seria de mim
Sem você

Porquê se você
Pra mim é tudo
Sem você
Nada eu seria

Você e eu, perigo corremos
Longe do outro amigos seremos
Estranhos quão pertos
Por hora, oremos!

Deusa minha!